quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Os benefícios de rezar pelas Almas do Purgatório

SIMPLES PENSAMENTOS SOBRE O PURGATÓRIO

 Os benefícios de rezar pelas Almas do Purgatório

 


No Purgatório há também alegria?

Não creio que, depois da felicidade dos Santos que gozam na glória, haja uma alegria similar àquela das almas purgantes. É certo que estas almas conciliam duas coisas em aparência irredutíveis: gozam de uma alegria suma e, ao mesmo tempo, sofrem inúmeros tormentos, sem que as duas coisas tão opostas se excluam e se destruam uma à outra” (S. Catarina de Gênova[7]).

Apesar dos sofrimentos, são também inefáveis as alegrias na Igreja Padecente. São Bernardino de Sena trata disso de modo convincente e digno de fé, pois se funda não em lendas e sim na teologia, e faz delas um longo elenco:

1) Confirmação na graça;
2) Certeza da salvação;
3) Amor de Deus;
4) Visita dos anjos;
5) Visita dos santos;
6) Visita de Nossa Senhora.


As almas do Purgatorio nos ajudam?


A minha vocação religiosa e sacerdotal é uma graça imensa que atribuo à minha cotidiana oração pelas Almas do Purgatorio que, ainda menino, eu aprendi com minha mãe(Beato Angelo D'Acri)

Quando quero obter alguma graça de Deus recorro às almas do Purgatório e sinto que sou atendida por causa de sua intercessão” (S. Catarina de Bolonha

“Caminhando pela rua, no tempo livre, rezo sempre pelas Almas do Purgatório. Estas santas Almas com sua intercessão me salvaram de tantos perigos da alma e do corpo” (S. Leonardo de Porto Maurício

“Nunca pedi graças às Almas purgantes sem ser atendida, pelo contrário, aquelas que não pude obter dos espíritos celestes as obtive pela intercessão das Almas do Purgatório” (S. Catarina de Genova).

“Todos os dias ouço a Santa Missa pelas almas do Purgatório: a este piedoso costume eu devo tantas graças que continuamente recebo para mim e para meus amigos” (S. Contardo Ferrini).

Em sentido contrário: na Bula "Exurge Domine" Leão X condena a proposição (n. 38) "Nec probatum est ullis aut rationibus aut scripturis ipsas esse extra statum merendi aut augendae caritatis" (Não se prova em lugar algum pela razão ou pela Escritura que elas [as almas no purgatório] não possam ganhar méritos ou crescer na caridade). Para elas "chegou a noite, em que o homem não pode mais trabalhar", e a Tradição Cristã sempre considerou que somente nesta vida o homem pode trabalhar pelo bem de sua alma.

Os Doutores da Idade Média, mesmo aceitando que esta vida é o momento para o mérito e o aumento da graça, ainda alguns com São Tomás pareceram questionar se há ou não uma recompensa não essencial que as almas no Purgatório possam merecer (IV, dist. XXI, q. I, a. 3). Belarmino acredita que, nesta matéria, São Tomás mudou sua opinião, e faz referência a uma afirmação de São Tomás ("De Malo", q. VII, a. 11). Seja qual for o pensamento do Doutor Angélico, os teólogos aceitam que nenhum mérito é possível no Purgatório, e se surgir a objeção de que as almas ganham mérito lá pelas suas orações, Belarmino diz que tais orações são úteis por causa de méritos já adquiridos: "Solum impetrant ex meritis praeteritis quomodo nunc sancti orando pro nobis impetrant licet non merendo" (Elas rezam pelos méritos adquiridos, como os que agora são santos e que rezam por nós, mesmo sem ganhar méritos). (loc. cit. II, cap. III).


Os nossos sufrágios


A Escritura e os Padres mandam fazer orações e ofertas pelos falecidos, e o Concílio de Trento (Sess. XXV, "De Purgatorio"), em virtude desta Tradição, não só afirma a existência do Purgatório, como acrescenta "que as almas que nele estão detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do altar". Que aqueles que estão na terra ainda estão em comunhão com as almas do purgatório é o ensinamento mais antigo dos Cristãos, e que os vivos ajudam os mortos por suas orações e obras de satisfação, é evidente pela Tradição acima mencionada. Que o Santo Sacrifício tenha sido oferecido pelos falecidos é Tradição Católica recebida já nos dias de Tertuliano e S. Cipriano, e que as almas dos mortos são ajudadas sobretudo "quando repousa a vítima sagrada sobre o altar" é a expressão de S. Cirilo de Jerusalém, citada acima.

S. Agostinho diz que as "orações e esmolas dos fiéis, o Santo Sacrifício do altar ajudam os fiéis falecidos e move o Senhor a tratá-los em misericórdia e bondade", e, acrescenta, "esta é a prática da Igreja universal herdada dos Padres" (Serm. CLXII, n. 2).

Se nossas obras de satisfação realizadas em favor dos mortos são aceitas simplesmente pela benevolência e misericórdia de Deus, ou se Deus se obriga em justiça a aceitar a nossa reparação no lugar delas, não é uma questão respondida.

O Pe. Francisco Suárez, S.J. pensa que a aceitação é pela justiça e afirma ser prática comum da Igreja que reúne os vivos e mortos sem discriminação (De poenit., disp. XLVIII, 6, n. 4).

Os meios principais com que podemos socorrer e libertar as Almas do Purgatório são:

1) a oração e a esmola;
2) a Santa Missa e a Santa Comunhão;
3) as indulgências e as boas obras;
4) o ato heroico de caridade.

Indulgências:

O Concílio de Trento (Sess. XXV) definiu que as indulgências são "muito salutares para o povo Cristão" e que "se deve manter o seu uso na Igreja".

É o ensinamento comum dos teólogos Católicos que:

1. Indulgências são aplicáveis às almas do purgatório
2. Indulgências estão disponíveis para elas "em forma de sufrágio" (per modum suffragii).

Condições para que uma indulgência aproveite para os que estão no purgatório, várias condições são necessárias:

1. A indulgência deve ser estabelecida pelo papa.
2. Deve haver razão suficiente para se dar a indulgência, e esta razão deve ser algo referente à glória de Deus e o bem da Igreja, não meramente o proveito que resulta às almas no purgatório.
3. A obra piedosa deve ser como no caso das indulgências para os vivos.

Se o estado de graça não estiver entre os requisitos, em todo caso a pessoa pode lucrar a indulgência para os falecidos, ainda que ele não esteja na amizade com Deus (S. Belarmino, loc. cit., p. 139). Pe. Francisco Suárez (De Poenit., disp. IIII, s. 4, n. 5 and 6) deixa isso bem claro quando diz: "Status gratiæ solum requiritur ad tollendum obicem indulgentiæ" (o estado de graça só se requer para remover algum impedimento da alma), e no caso das santas almas não pode haver impedimento. Este ensinamento está ligado à doutrina da Comunhão dos Santos, e os monumentos das catacumbas representam os santos e mártires como que intercedendo a Deus pelos mortos. Também as orações das antigas liturgias falam de Maria e dos santos intercedendo pelos que passaram desta vida. Agostinho acredita que um enterro numa basílica cujo titular seja um santo mártir é de valor para o falecido, pois os que ali celebram a memória daquele que sofrem, recomendarão orações ao mártir por aquele que passou desta vida (S. Belarmino, lib. II, XV). No mesmo lugar Belarmino acusa Dominicus A Soto de imprudência por ter negado esta doutrina.

Por quatro bons motivos devemos meditar sobre o Purgatório e rezar pelas Almas purgantes:

1) as penas do Purgatório são mais acrimoniosas do que todas as penas desta vida;
2) as penas do Purgatório são longuíssimas;
3) as Almas purgantes não podem ajudar a si mesmas, somente nós podemos sufragá-las;
4) as Almas do Purgatório são muitíssimas, permanecem lá longuissimamente, sofrem penas inumeráveis, (S. Roberto Belarmino).

A devoção pelas Almas purgantes é a melhor escola de vida cristã: nos leva às obras de misericórdia, nos ensina a oração, nos faz ouvir a Santa Missa, nos habitua à meditação e à penitência, nos impele a fazer boas obras e a dar esmola, nos faz evitar o pecado mortal e temer o pecado venial, causa única da permanência das Almas do Purgatório” (São Leonardo de Porto Maurício).

“A oração pelos defuntos é mais aceita por Deus do que aquela pelos vivos, porque os defuntos precisam dela e não podem ajudar a si mesmos, como podem fazê-lo, ao invés, os vivos” (São Tomás).


A Santa Missa pelos defuntos


“Pelos vossos defuntos, para demonstrar-lhes vosso amor, não ofereçais apenas violetas, mas sobretudo orações; não cuidais apenas das pompas fúnebres, mas sufragai-os com esmolas, indulgências e obras de caridade; não vos preocupeis apenas com a construção de tumbas suntuosas, mas especialmente com a celebração do Santo Sacrifício da Missa. As manifestações externas são um alívio para vós, as obras espirituais são um sufrágio para eles, por eles esperado e desejado” (S. João Crisóstomo).

“É certo que nada é mais eficaz pelo sufrágio e a libertação das Almas do fogo do Purgatório do que a oferta a Deus, por elas, do Sacrifício da Missa” (S. Roberto Belarmino).

“Durante a celebração da S. Missa quantas almas são libertadas do Purgatório! Aquelas pelas quais se celebra não sofrem, aceleram a sua expiação ou voam logo para o Céu, porque a S. Missa é a chave que abre duas portas: aquela do Purgatório para de lá sair, e aquela do Paraíso, para nele entrar para sempre” (S. Jerônimo).

“Reza sempre à Santa Virgem pelas Almas do Purgatório. A Virgem recebe a tua oração para leva-la ao trono de Deus e livrar logo as Almas pelas quais você suplica” (S. Leonardo de Porto Maurício).


Advertências aos vivos


Com muita facilidade vocês pecam e tornam a pecar. Se provassem por um só instante quão graves, quão longas penas deverão sofrer no Purgatório cometendo mesmo um só pecado venial, o evitariam mais do que a morte. Rogai por nós que expiamos as nossas culpas passadas, evitem o pecado, todo pecado, causa única destes inauditos sofrimentos. Pregai a todos o quanto são graves estas penas onde deverão ser expiados os pecados que em vida os homens tão facilmente cometem” (Crônicas dos Menores)

Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu a S. Gertrudes em seu leito de morte e lhe disse: “Coragem e confiança. Logo estarás no Céu. Eis a multidão de Almas que tu libertaste do Purgatório: vem-te ao encontro, com cantos exultantes para te acompanhar ao prêmio eterno no Paraíso” (Vida de S. Gertrudes).


Ato heroico de caridade


É sabido pelo Catecismo que, por cada obra cristão cumprida na graça de Deus, se adquirem três méritos:

1) um aumento de glória para o Céu;
2) um aumento de graça para o presente;
3) uma redução das penas devidas pelas culpas passadas que devem ser expiadas na Terra o no Purgatório.

Aos dois primeiros méritos não se pode renunciar, são inalienáveis; ao terceiro, pelo contrário, se pode renunciar e pode ser aplicado às santas Almas do Purgatório: este ato pessoal constitui o Ato heroico de caridade, que consiste em “fazer à Majestade divina, em benefício das Almas do Purgatório, a oferta de todas as próprias obras satisfatórias durante a vida e de todos os sufrágios que podem nos ser aplicados depois da nossa morte”.

Este Ato heroico pode ser feito com o coração e é válido, não precisa de uma fórmula externa. É bom fazê-lo após a Santa Comunhão. Quantas Almas nós podemos libertar das terríveis penas do Purgatório com este santíssimo ato de caridade!

O Ato heroico foi aprovado pelo Sumo Pontífice Gregório XV, quando, com suaBula Pastoris Aeterni (italiano), aprovou o “Instituto do Consórcio dos Irmãos”, fundado pelo Venerável Pe. Domenico de Jesus Maria (1559-1630), Carmelita Descalço, na qual, entre os outros piedosos exercícios em prol dos defuntos, consta o de oferecer e consagrar em sufrágio deles a parte satisfatória das próprias obras.

Este Ato heroico de caridade foi enriquecido de muitos favores, pelo Decreto de 23 de agosto de 1728, pelo Sumo Pontífice Benedito XIII, confirmados depois pelo Papa Pio VII, aos 12 de dezembro de 1788; esses favores foram, então, especificados pelo Santo Padre Papa Pio IX, com Decreto da “Sacra Congregação das Indulgências” de 10 de setembro de 1852, da seguinte maneira:

I. Os Sacerdotes que fizeram dita oferta poderão gozar, todos os dias, o indulto do altar privilegiado pessoal.

Todos os fiéis que fizeram a mesma oferta poderão lucrar:
II. Indulgência Plenária aplicável somente aos Defuntos em qualquer dia façam a Santa Comunhão, contanto que visitem uma Igreja ou um público Oratório e lá rezem por algum tempo, segundo a intenção do Sumo Pontífice.
III. Da mesma forma, poderão lucrar Indulgência Plenária todas as segundas-feiras, assistindo à Santa Missa em sufrágio das Almas do Purgatório, e cumprindo as outras condições supramencionadas.
IV. Todas as Indulgências que são concedidas e se concederão no futuro, as quais se lucram pelos fiéis que fizeram esta oferta, podem ser aplicadas às Almas do Purgatório. 

Finalmente, o mesmo Papa Pio IX, em 20 de novembro de 1854, tendo em vista aqueles jovens que ainda não comungam e também os enfermos, os crônicos, os velhos, os camponeses, os encarcerados e outras pessoas que não podem comungar ou não podem acompanhar a Santa Missa às segundas-feiras, concedeu-lhes que poderiam aplicar ao mesmo fim a Missa do Domingo. E para aqueles fiéis que ainda não comungam ou são impedidos de comungar, poderá a oferta ser comutada em outra obra de piedade pelos confessores autorizados pelo Ordinário local.

Adverte-se, ainda, que, embora esse Ato heroico de caridade seja chamado em alguns opúsculos de “Voto heroico de caridade” e venha acompanhado de uma fórmula escrita, não se deve entender este “voto” como feito em modo que obrigue “sob pecado”; também não é necessário pronunciar qualquer fórmula, bastando, para ser partícipes das Indulgências e privilégios indicados, a obrigação feita com o coração.

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